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O mundo está mobilizado para vencer a corrupção

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Por Carlos Eduardo Gouvêa

 

Quem vive o ambiente dos negócios da saúde, no Brasil, tem a plena certeza de que corrupção voltou a crescer, depois de alguns anos de sucesso no combate às más práticas, com o surgimento do Instituto Ética Saúde e do engajamento de boa parte da cadeia de valor da saúde. Mas a sensação de retrocesso não é exclusiva do Brasil. Este é um problema global.

A própria nota de conceito sobre o evento Fórum Global em Anticorrupção e Integridade de 2024 da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que aconteceu em Paris, na última semana de março, esclarece que “as democracias ao redor do mundo estão sob inédita pressão interna e externa e os esforços para assegurar a integridade se tornaram mais importantes do que nunca. Ameaças de interferência externa, ao surgimento da inteligência artificial e a velocidade e escalada da mudança climática abrem caminho para novos riscos de corrupção e aumento da pressão nas estruturas de integridade. Fortalecer tais estruturas é essencial para apoiar governos, o setor privado e a sociedade civil no efetivo combate à corrupção e na produção das melhores práticas para a sociedade”.

O Fórum Global da OCDE reuniu líderes de todo o mundo para dividir novas ideias, insights e evidências e explorar como as políticas anticorrupção e de integridade podem aumentar a nossa capacidade de responder às futuras ameaças às democracias.

Foram quatro dias de reuniões, em uma programação bem completa e com debates intensos e frutíferos. Os principais destaques foram: fomento de políticas de integridade e fortalecimento dos marcos anticorrupção, encontro dos principais líderes anticorrupção do mundo assim como dos auditores, discussão sobre indicadores de integridade pública, alavancando Inteligência Artificial e análises de dados na luta contra a corrupção e o suborno, corrupção corporativa, relação entre anticorrupção, estado de direito e mídia livre, dentre tantos outros.

Participei em várias discussões, mas pude contribuir mais ativamente com as experiências obtidas nos últimos anos do Instituto Ética Saúde, na mesa redonda que debatia “como lidar com a solicitação de suborno”. Este ponto era especialmente importante, considerando que as solicitações de suborno têm sido um risco comum para as companhias que fazem negócios no exterior.

Seguindo uma demanda histórica dos representantes do setor privado, o Grupo de Trabalho da OCDE em Suborno incluiu uma sessão “Endereçando o setor de demanda” na Recomendação Antissuborno da OCDE de 2021. Trabalhando sobre tais provisões, esta consulta ofereceu uma oportunidade para os atores dos setores público e privado, bem como academia e sociedade civil, compartilhar boas práticas e discutam abordagens inovadoras para lidar com a solicitação de propina.

Em paralelo, o Pacto Global da ONU – Rede Brasil e a ICC – International Chamber of Commerce – Brasil promoveram a segunda edição do evento “Integridade e Negócios no Brasil: Promovendo Confiança e Cooperação”, do qual participaram representantes do setor público, privado, academia e sociedade civil, para alavancar a luta contra a corrupção e promoção da integridade.

Os principais pontos abordados foram o lançamento da plataforma Ação contra Corrupção do Pacto Global da ONU – Rede Brasil; discussão sobre o papel do setor privado na promoção da integridade e da credibilidade do País; cenário global da luta contra a corrupção – avanços e tendências; e o papel do Brasil na presidência do G20 – desafios e expectativas para os negócios.

Com tantos exemplos positivos de engajamento da sociedade na luta contra a corrupção, muito em breve veremos uma retomada das medidas necessárias para garantir uma infraestrutura mais adequada para a integridade e a ética nos negócios. Esta é a chave para um futuro promissor de desenvolvimento econômico, previsibilidade jurídica e integração com outras nações.

 

Carlos Eduardo Gouvea é diretor de Relações Institucionais do Instituto Ética Saúde, presidente Executivo da CBDL – Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial e presidente da Aliança Brasileira da Indústria Inovadora em Saúde.

 

* A opinião manifestada é de responsabilidade do autor e não é, necessariamente, a opinião do IES

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