A comunicação estratégica e sua importância para a integridade corporativa

Por Marlon Franco

Etimologicamente, a palavra Comunicação, proveniente do latim, Communicatio, tem o sentido de “compartilhar algo em comum”, ou, ainda, “agir em unidade”. Dentro do conceito atual, seu sentido original sofreu uma variação, e nos é definida, agora, como uma ferramenta de linguagem, com uma organização de símbolos e significados para o entendimento comum.

O fato é que nossa humanidade pressupõe uma necessidade relacional dentro do contrato social, e nas interações organizacionais não é diferente: a comunicação é imprescindível, e é fator definidor entre o sucesso ou a falha nas interações. Para tanto, é necessário que ela esteja atrelada a estratégias bem elaboradas, para o alcance de seus objetivos.

Aliando os dois conceitos, temos, na atualidade, uma ferramenta essencial no ambiente corporativo, quando o assunto é integridade: a comunicação estratégica, prática focada na valorização e na propagação da cultura empresarial e seus valores, para os colaboradores internos e externos, para os parceiros de negócios e para a sociedade.

Com a popularização da internet e a facilidade de acesso às informações, incluindo as mídias sociais, os indivíduos interagem continuamente, tornando-se mais críticos e participativos, e, também, ampliando as fontes de opinião a respeito de determinados assuntos.

Assim, o estímulo passa a ser consequência não só da performance e qualidade dos programas de compliance, mas também da capacidade do convencimento do valor embutido nas propostas, e o quanto ele consegue estimular a sensibilização do público-alvo.

Fica claro, então, que, para a excelência da integridade no desempenho organizacional, não bastam apenas boas políticas e procedimentos, é necessária uma estratégica eficaz de comunicação, de modo que o comprometimento seja total e consciente.

Não é incomum que, em processos de treinamento de compliance, colaboradores entrevistados relatem não saber em detalhes as normas de comportamento ideal dentro da companhia em que trabalham. Ainda, grande parte dos gestores citam a  falta de colaboração e ineficiência de comunicação como grandes causas dos desvios de conduta.

Uma comunicação integrada, entre pessoas e estratégias, está conectada a três pilares determinantes na hora de selecionar as ferramentas e abordagens corretas:

O que – trata da mensagem e determina que tipo de informação será transmitida;

Como – esclarece os canais de comunicação que serão utilizados para a tarefa, tendo como base o ambiente em que a audiência se encontra;

Quem – determina a audiência, e é aqui que os participantes devem ser cuidadosamente tratados para a criação dos planos e das metas de comunicação corporativa.

Portanto, o planejamento deve envolver a segmentação dos públicos de interesse, a avaliação e a pesquisa sistemática sobre conteúdo proposto, e a utilização de ferramentas ideais para o desenvolvimento da estratégia a ser executada.

É fundamental que as empresas priorizem a transparência e a honestidade em sua comunicação estratégica, como uma forma de promover a confiança e a reputação positiva da empresa. Assim, ela demonstra um compromisso com a integridade e a ética, o que fortalece o entendimento de que as pessoas jurídicas são, na verdade, um elo de escolha entre pessoas de verdade.

A garantia do compartilhamento isonômico e regular das informações, por parte da alta administração, a todos os colaboradores da organização, cria um senso de transparência e pertencimento que aumentam a confiança na empresa, consequentemente, faz com que todos se sintam motivados e engajados em suas funções, no ambiente de trabalho e na participação ativa dos planos para a manutenção da conformidade e das boas práticas.

Marlon Franco é Assessor de Compliance do Instituto Ética Saúde

* A opinião manifestada é de responsabilidade do autor e não é, necessariamente, a opinião do IES